domingo, 26 de abril de 2009

A Grande Escalada à Serra da Estrela – um relato bem fresquinhoooo…

25 Abril 2009
Mais um objectivo cumprido e uma excelente aventura vivida!
Foram 10 os bravos que desafiaram a mais alta montanha de Portugal Continental (Daniel, Zé Carlos, Sérgio, João Aires, Fernando Ferreira, Miguel Paiva, Pegaso, João Canas e 2 colegas de Mação).
Mais de 2000 metros de esforço mas igualmente 2000 metros de vontade de alcançar mais um objectivo como ciclista ou bttista!
Habituei-me durante anos a ver na televisão a Volta a Portugal e o meu comentário era sempre o mesmo: “Como é que aqueles malucos conseguem subir aquela montanha de bicicleta sem parar??? Devem ter uma preparação incrível… aquilo é sobre-humano!!!”
Afinal meus amigos… muito fraquinho!!! Estou a brincar: é duro sim senhor mas também nada de inalcançável ou impossível. Aliás, acho que já tive voltas que me custaram mais! Juro!
É sem dúvida uma questão de mentalização e preparação psicológica. Abstrairmo-nos do que temos pela frente, mentalizarmo-nos que serão 28-30 kms sempre a subir e depois faze-lo ao ritmo próprio de cada um, calmamente e desfrutar da paisagem o máximo possível.
Chegámos à Covilhã perto das 9:30 e às 10h estávamos a andar. O dia estava muito bom, com sol e temperatura amena! E… começou a subir mal nos montámos na bike. Passámos pelo centro da cidade e encaminhámo-nos para a Serra. Logo à saída da cidade, um autóctone serrano acompanhou-nos na escalada. Lá ia ele dizendo que fazia grande parte da serra todas as semanas e que a serra era dura, que havia muitas “paredes” pela frente enquanto eu lhe dizia que nós não estávamos habitados a serra nem grandes subidas pois era tudo plano na nossa zona. Enquanto isto eu ia só com ele e o ritmo ia aumentando… e eu dizia “por enquanto não está a ser muito puxado!!” e ele contrapunha “olha que já ali à frente temos 4 rampas duríssimas. Vais ver!!” e lá íamos sempre certinhos. Ao passarmos 2 das 4 rampas duríssimas e um silêncio de 5 minutos, começo a ouvir um arfar intenso atrás de mim e depois ouço isto: “Epááá vocês têm um grande endurance… isto para mim é muita pulsação… vou ter com o vosso colega lá abaixo!”. Deu-me vontade de rir e pensei na sorte dele de não ir na roda do Zé Carlos ou do Sérgio. Acho que se teria mandado de bike num dos precipícios que íamos passando. A parte mais dura foi mesmo da Covilhã até ao Sanatório e depois na subida até ao túnel, já mais perto da Torre. É sempre a subir… só há cerca de 1km plano perto do cruzamento para Manteigas… o resto foram 28kms sempre a subir, sempre a dar… ufff!
Como se ainda fosse pouco o Zé Carlos, Sergio, Canas, Miguel e colegas do Canas, a caminho da Torre voltaram para baixo para Manteigas e fizeram os 15kms a descer para depois poderem subir os mesmos 15kms… malucos! Eu segui com o Aires, o Fernando seguiu com o Pegaso directos até à Torre. Achámos que já era castigo suficiente! À medida que estávamos pertíssimo da Torre, já um pouco estoirados com a subida, o tempo ia mudando e o céu estava coberto com nuvens, nevoeiro e um vento incrivelmente frio e gelado! Eu e o João chegámos à Torre cansados mas muito contentes por ter alcançado o objectivo. O problema é que gelámos muito rapidamente e quando descemos não sentíamos nem as mãos nem os pés. E sem sensibilidade nas mãos era impossível de travar na descida. Então tivemos que parar e, por 10 minutos, tentei aquecer as mãos… não conseguia, doíam como nunca me tinham doído, tremíamos por todo o lado… e então fizemos o que eu nunca sequer pensei que tivesse que fazer: urinámos para as mãos!!! É verdade, não me orgulho disso mas o que é certo é que resultou! E eu até estava à rasquinha para aliviar. Foram 2 alívios! num só! Mais adiante encontrámos o Pegaso e o Fernando (tinham parada para comer uma enorme sandes de queijo da serra, os espertos!!!) e avisámo-los da baixa temperatura lá em cima! A descida demorou cerca de 20 minutos. Foram 2:40 a subir e 20 minutos a descer! Ainda ultrapassámos mais de 6 carros a descer. Até se assustavam pois não estavam por certo à espera!
Com o frio, a descida foi muito complicada! Subir foi difícil e árduo mas foi a descer que muitos de nós realmente sofremos, devido ao frio e à dificuldade de aquecer com aquele ventinho gelado!
Já perto do carro, eu e o João Aires fomos ao merecido banho quente enquanto o roupeiro e responsável dos balneários, estranhamente, ia entrando até ao duche, sempre a meter conversa. Hummm muito estranho, pode ser só impressão minha mas isso na minha terra tem um nome… Mas por acaso foi muito porreiro e paciente e esperou umas horas por nós. Um agradecimento à Ass. Desportiva da Estação.
Depois lá foi chegando o resto do pessoal, tudo a tremer o queixo… o Miguel nem conseguia falar pois tinha o queixo congelado. O Sérgio estava branco e perguntava porque não tínhamos deixado um carro lá em cima!
Mais quentinhos (abençoado banho) fomos ao almoço no restaurante “Porta-chaves” perto das 17h. Receberam-nos muito bem, boa comida e muita simpatia! Comprámos uns queijinhos da serra e depois foi o regresso.
Foi mais uma aventura vivida em cima das bikes mas foi também mais um grande objectivo alcançado por todos! Um grande esforço recompensado pelas paisagens de cortar a respiração. E mais uma vez saliento que não é nada de impossível e inalcançável desde que cada um o faça ao seu ritmo e conte sempre com o apoio do parceiro do lado que se torna MUITO importante e mesmo DECISIVO!

Saudações bttistas e até à proxima aventura.

Daniel Brites

4 comentários:

Unknown disse...

Parabéns malta dos trilhos, penso que esta é uma daquelas que também vou querer fazer, parecido com isto só mesmo o ano passado braga-santiago de compostela, mas nunca tivemos 28km seguidos a subir, tivemos quase, mas não chegou.

Um abraço e boaas pedaladas.

Ass: José Pastoria - Sporttuga Team

Anónimo disse...

Realmente deve ter sido muito sofrido fazer o percurso com todo aquele frio...no entanto pergunto-me se o objectivo fosse aquecer a v/cara (que certamente se encontrava congelada) e não as mãos será que também faziam a mesma coisa...hihihi

Anónimo disse...

Cruz canhoto !
A altitude deve vos ter feito mal a cabeça, mijam para as maos ( uns dos outros , e nao sei mais o que ...)depois vao comer sandes de queijo ( espero que as maos tenham sido desifectadas), tem encontros esquezitos no banho...
o mundo esta perdido...
Eu, O Charbel o seu sobrinho Emanuel e o Luis fomos no domingo dar a volta do passeio do aniversario do clube, 37 km de btt, mas nada de moderniçes...hihihih

PS : Tou quase bom, umas dores no peito, mas tá quase.

boas pedaladas
um abraço
João Marçal

João Canas disse...

Em primeiro lugar gostava de deixar um agradecimento ao José Carlos pelo convite para esta aventura.
Foi uma etapa inesquecível, quer pela dificuldade do percurso e do frio que se fazia sentir, quer pelas magníficas paisagens que a Serra nos proporciona.